quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O Livro da Bruxa - 1ª Capítulo

Recebi da Josiane, uma seguidora do blog que mora na Califórnia, um e-mail dividindo as boas experiências que teve, depois que leu o livro - O Livro da Bruxa (Roberto Lopes). Disse que o conteúdo tinha mudado a vida dela. De presente, ela deixou copiado o conteúdo do livro no corpo do email, para que eu tivesse acesso e pudesse dividi-lo com vocês.

O livro é realmente mágico, porém diferente do que diz o título, não se trata de receitas de poções mágicas, rituais e coisas do tipo. Ele conta a história de um médico que em um certo momento conhece uma paciente com pneumonia que lhe diz ter um trabalho. Este trabalho ao qual ela se refere, mudará completamente a vida deste homem.Prefácio

Este livro é uma incrível aventura que nos mostra como as coisas mais corriqueiras podem ter vários significados se vistas sob outro prisma.

A cada página há um ensinamento, uma nova forma de ver a vida, uma maneira mágica de operar nossa mudança interior.

Publicarei diariamente um capítulo do livro  (total de 21), para que o maior número de pessoas possível, possam também fazer mudar as suas vidas...


Prefácio
Sempre acreditei que as bruxas fossem uma lenda... até recentemente.
De fato, elas existem. Compartilhei uma pequena viagem com uma delas e aprendi novas formas de ver o mundo.
Também foi desfeita a imagem que eu tinha de uma bruxa: velha, magra,nariz comprido com uma verruga, queixo pontiagudo, cabelos desarrumados, dedos finos, olhos esbugalhados e vestida num manto preto com capuz.
A bruxa que conheci é uma senhora de aparência absolutamente comum, bem no estilo das boas e sábias vovozinhas.
Após encontrá-la, em pouco tempo fui arrastado para uma aventura inesquecível. E só quando já estava irremediavelmente envolvido percebi a genialidade de seu disfarce.
Ela também não usou um caldeirão nem ingredientes exóticos como olhos de cobra e asas de morcego para fazer uma poção. Mestre na arte da bruxaria, trabalhou apenas com elementos do cotidiano. Um desenho no
papel, um carro velho atrapalhando o trânsito, crianças brincando, uma semente, um ventilador e outras coisas comuns transformaram-se diante de meus olhos em valiosíssimas lições.
Contudo, só depois percebi qual tinha sido sua maior mágica. As bruxarias que tanto me impressionaram no início foram apenas fagulhas de algo muito mais intenso. Sua grande obra foi me transformar.
Então compreendi o enorme poder atribuído às bruxas nos contos de fadas. Elas podem, sem dúvida, transformar pessoas em sapos, ou viceversa.
Felizmente o meu caso foi o segundo.
Depois de conhecê-la, comecei a perceber como o mundo é um lugar fantástico, muito mais do que a maioria de nós imagina.
Agora também sei que este livro é parte do encantamento que ela lançou sobre mim.
Deste modo, fique ciente, caso pretenda prosseguir na leitura, que está se arriscando a ser submetido ao mesmo feitiço.
Depois não vá me acusar pelas transformações que podem acontecer em sua vida.
Alegarei completa inocência.

1º Parte - Encontro

Nosso primeiro encontro aconteceu num final de tarde de primavera.
Havia chovido, e o ar estava fresco. Alguns relâmpagos ainda iluminavam o céu, e os trovões chegavam como rugidos de um animal distante. O sol, antes de se pôr, tinha encontrado uma fresta entre as nuvens e entrava horizontalmente pelas janelas do hospital.
Eu estava terminando meu plantão, visitando os pacientes internados na enfermaria do terceiro andar. Consultei a última ficha. Era uma senhora de 86 anos com diagnóstico de pneumonia.
Ela estava só em seu quarto, e quando entrei fui recebido com um grande sorriso.
- Boa tarde, doutor - disse, ajeitando-se melhor na cama.
- Boa tarde! Então a senhora é a famosa paciente com pneumonia - brinquei.
- Ainda não tão famosa, mas isso não é o mais importante - respondeu, bem humorada.
- Como a senhora está se sentindo hoje?
- Estou cada vez melhor. Não tive mais tosse, e após a chuva o ar está bastante agradável, sem poluição. Olhei as radiografias pulmonares feitas na véspera. A visualização dos brônquios era evidente e demonstrava
uma inflamação do tecido pulmonar, um dos sinais característicos de pneumonia.
Numa paciente jovem, um quadro deste tipo não é muito preocupante, pois os modernos antibióticos podem debelar rapidamente a infecção. Mas em pessoas idosas é necessário cuidado. Por isso, a idade acima de 65 anos é um dos critérios utilizados para internação nos casos de pneumonia.
- Gostaria de auscultar seus pulmões. A senhora poderia sentar-se? - perguntei.
- Claro que sim - respondeu, já se levantando com uma agilidade incomum para sua idade.
Ao examiná-la, percebi que os sons pulmonares estavam límpidos.
Não havia nenhum ruído anormal detectável através do estetoscópio, e sua freqüência respiratória era absolutamente normal. Fiquei surpreso, pois pacientes idosos desenvolvem quadros mais complicados. Umamelhora tão rápida numa senhora de 86 anos era bastante rara.
- Parabéns, a senhora está com os pulmões em franca recuperação.
Em breve poderá ir para casa - animei-a.
- Que bom... O senhor não sabe, mas gosto muito de ler seus artigos - disse, mudando repentinamente de assunto. - Quando recebo a revista, é a primeira coisa que leio.
Ela referia-se a uma revista na qual eu escrevia uma coluna mensal.
O hospital é um lugar onde muitos pacientes sentem-se isolados e carentes. Assim, é um dever do médico dedicar a máxima atenção a eles,
pois esta atitude é fundamental para o processo de restabelecimento.
Ao estimular nossa conversa, acreditava estar apenas dando atenção a uma senhora com certo grau de carência afetiva. Não fazia a mínima idéia das incríveis mudanças que aconteceriam em minha vida a partir daquele encontro.
- Ah, então é a senhora que lê meus artigos. Os editores disseram que só estavam mantendo a minha coluna porque havia uma única leitora assídua - comentei, rindo.
- Não brinque. O senhor sabe que muitas pessoas se interessam pelos seus artigos. Aliás, este é o principal motivo pelo qual estou aqui.
Fingi ter sido surpreendido.
- Quer dizer que a senhora ficou com pneumonia porque leu meus artigos?
- Minha pneumonia é apenas um pretexto. O verdadeiro propósito deste encontro é ajudá-lo em seu novo trabalho - declarou.
- Novo trabalho? Nem estou conseguindo dar conta das coisas que tenho para fazer e a senhora ainda quer me dar um novo trabalho... Espero que seja bem remunerado - gracejei.
Ela ajeitou seu travesseiro e recostou a cabeça antes de continuar.
- Quando li um dos seus artigos pela primeira vez, percebi que você...
posso chamá-lo de você? - perguntou.
-Sem dúvida - respondi.
- Ao ler o artigo, senti que você estava em busca de um conhecimento maior, mas ainda não estava pronto para recebê-lo. Desde então venhoacompanhando a evolução de suas idéias. Recentemente, ao ler “A Escola de Pintura”, percebi que a hora de procurá-lo havia chegado - concluiu.
“A Escola de Pintura” é o título de um artigo no qual eu comparei a vida ao trabalho de pintar um quadro. Tomo a liberdade de reproduzi-lo, para que você saiba do que se tratava nossa conversa.
A escola de pintura Outro dia um amigo me perguntou o que eu acho que é a vida.
Resposta difícil, não é? Vou contar como respondi.
Imagine uma escola de pintura. Ao entrar, você recebe uma tela em branco e encontra vários alunos pintando. Muitos estão trabalhando há anos, e os quadros são de todos os tipos, desde obras maravilhosas
até telas completamente destruídas. As tintas, pincéis e materiais de pintura estão espalhados por toda a sala, alguns bem acessíveis, outros em locais bem difíceis.
Apesar de ser uma escola, não há professores. É tudo por sua conta.
O que você faria nessa situação? Pegaria qualquer pincel e simplesmente espalharia tintas em sua tela? Observaria os que estão trabalhando e tentaria imitar alguém talentoso? Juntaria sua tela às de outras pessoas e pintaria um grande painel em equipe? Tentaria criar uma obra original e aprender com seus próprios erros? Utilizaria apenas os materiais mais acessíveis ou batalharia para conseguir também os mais difíceis?
Volto a perguntar, o que você faria?
Na minha opinião, a vida é como esta escola de pintura. As pinceladas são as nossas ações.
Às vezes, damos pinceladas de mestre. Usamos o tipo certo de pincel, a mistura correta das cores e movimentos precisos. São as nossas boas ações. Aquelas que nos fazem dormir tranqüilos e com um
sorriso no rosto.
Outras vezes, borramos todo o nosso quadro e pensamos: “Argh! Estraguei tudo. Não tem mais jeito”. Desejamos até jogar a tela fora e parar com tudo. Vamos dormir arrasados e querendo morrer.
É nesta hora que precisamos lembrar da escola de pintura. Não se desespere. Por mais borrado que seu quadro esteja, você sempre pode pegar um pincel limpo, as tintas certas e pintar por cima.
Se você disse algo ruim para alguém, peça perdão. Se fez algo que não deveria, volte lá e conserte. Se deixou passar uma oportunidade de elogiar; procure a pessoa ou pegue o telefone e faça o elogio. Se
teve vontade de acariciar alguém e não o fez, faça-o na próxima vez que encontrá-lo(a) e diga-lhe apenas que está acertando seu quadro; tenho certeza de que você será compreendido.
A única coisa que você não deve fazer é deixar os borrões aparecendo.
Não interessa quão antigos eles sejam. Se estiverem lá; corrijaos.
É corrigindo que aprendemos a não cometê-los e nos tornamos
artistas cada vez melhores.
Fazendo assim, não importa se teremos mais duzentos anos ou apenas mais um dia para nossa pintura. Quando formos chamados para expô-la, ela estará perfeita. Talento, tenho certeza, todos nós temos.
Achei curioso ela estar falando sobre um novo trabalho e sugerindo que iria prestar-me algum tipo de ajuda. Decidi interrogá-la um pouco mais sobre isso.
- Desculpe-me, mas ainda não entendi. Que tipo de novo trabalho você... também posso chamá-la de você, não posso? Afinal, temos quase a mesma idade - perguntei, brincando.
- Claro que pode. Afinal, cinqüenta anos de diferença não são quase nada - afirmou.
- Cinqüenta não, quarenta e seis... eu já tenho quarenta anos - retruquei, só para chateá-la.
Ela fez uma careta.
- E qual é o meu novo trabalho? - indaguei. - Tenha calma. Algumas coisas precisam vir no tempo certo... Você sabe que os remédios precisam ser tomados em doses e horários adequados. Quando prescreve um comprimido de oito em oito horas, você espera que o paciente siga esta instrução, não é? Não adianta ele tomar toda a caixa de uma única vez para apressar o tratamento. Novos conhecimentos são como os remédios e os alimentos, precisam ser absorvidos aos poucos - explicou com ar professoral.
- Concordo, mas continuo curioso para saber mais sobre este meu novo trabalho - insisti, testando-a.
- Pelo jeito não receberei alta hoje, não é?
- Claro que não. Você ainda precisa ficar mais algum tempo sob observação e tomar a medicação. Sei que a comida do hospital não é lá grande coisa, mas, se sua recuperação continuar no ritmo atual, em dois ou três dias poderá ir para casa. É só ter um pouco de paciência - respondi, consolando-a.
- Então ainda temos tempo. E, assim como você me pede paciência, eu lhe peço a mesma coisa... Você trabalhou o dia todo e já está anoitecendo.
Vá para casa, descanse e amanhã venha me visitar novamente - disse, apaziguadora.
- Está bem - concordei.
Despedi-me, desejando uma boa noite, e voltei ao posto de enfermagem para terminar minhas prescrições. Ao sair do hospital, encontrei uma noite suave como há muito tempo não via. Ainda não fazia idéia de quanto minha vida iria mudar após conhecer aquela misteriosa senhora.

Naquela noite sonhei com anjos.

10 comentários:

MARINA disse...

Oi Lu!
Li esse capitulo que vc postou e amei, fiquei super curiosa com o conteudo do livro.
Vc vai postar o download no blog?
bjus e parabéns por esse blog maravilhoso!

Luciana Vieira disse...

Oi Marina, tudo bem?!

Que bom que gostou!!
Esse é só o comecinho...o livro traz surpresas maravilhosas!

A idéia inicial é deixar todo o conteúdo no blog, para que todos tenham acesso fácil, principalmente porque já não se encontra esse livro para comprar.

Um beijo,

Anônimo disse...

Adorei!!! Até chorei... mas eu sou chorona mesmo... Parabéns por dividir conosco Lu... vc é mesmo uma pessoa iluminada!!! Bjinhos.. Pri

Eder Melhado disse...

Adorei, obrigada e quero mais rsrsrs

Luciana Vieira disse...

Oi Pri! Então somos parecidas!!
Um beijooo!

Luciana Vieira disse...

Oi Conscienciamaxima, já foi pubicado hoje o 2º capítulo!
Beijosss!!

Rosana disse...

Estou gostando muito do livro, com certeza é um daqueles que deixará lições muito boas em minha vida!
Agradeço pela oportunidade, eu ainda não conhecia o Roberto Lopes.
Abraços e sucesso,

Luciana Vieira disse...

Oi Rosana, tudo bem?!
Infelizmente essa obra não é muito conhecida. Quem sabe agora, essa história mude!
Um beijo,

Luciene Farias disse...

Oi Lú,

Gostaria muito de receber esse livro A Lei da Atração - Michael J. Losier

Se possível é claro!

Luz e Paz!!

cris disse...

Olá, li o " Livro da Bruxa" já faz algum tempo, é muito bom, mostra um novo jeito de encarar o nosso cotidiano, recomendo.